Não posso dizer que foram dois jogos de grande categoria técnica, e que as deficiências observadas na primeira mão desapareceram completamente, mas posso dizer, sim, que apesar de muito táticos e com poucos movimentos ofensivos, foram dois jogos já com um razoável nível e, em particular, com emoção e incerteza no resultado até ao último sopro.
Mas não quero deixar passar a oportunidade para expressar a minha satisfação pelo comportamento geral do público e dos jogadores nos dois campos, como que a querer dizer a toda a gente que para jogar rugby não é preciso ser, nem mal educado nem mal intencionado.
Bem pelo contrário.
E estão de parabéns as quatro equipas - assistimos a dois jogos com alguns momentos de maior "entusiasmo", mas sem que em altura alguma houvesse motivo para recriminações ou lamentações - e as duas equipas de arbitragem.
O único ponto negativo do excelente dia de rugby a que assisti teve a ver com algumas lesões mais sérias - todas em resultado de situações absolutamente normais - de que saliento as sofridas por dois jogadores do CDUL (Ferreira e Girão) a quem desejo rápidas e completas recuperações.
Dito isto, vamos ao rugby!
CDUL 6 - 7 Belenenses (Agregado 24-25)
A equipa do Belenenses apresentou-se no Estádio Engº Vasco Pinto de Magalhães com a firme intenção de vencer a partida, e foi já perto dos 15 minutos, que o CDUL conseguiu, pela primeira vez sacudir a pressão e sair do seu meio campo.
Foi um período de grande domínio da equipa do Restelo, que pecou pela sua ineficácia ofensiva, pela sua incapacidade de criar situações inesperadas, o que marcou toda a partida.
Chegou a irritar a repetição de tentativas sucessivas de penetração ao nível do 1º centro, quando os estudantes subiam em força na defesa, deixando atrás de si um buraco enorme que os azuis de Belém nunca souberam aproveitar.
Depois, o CDUL conseguiu adiantar-se no marcador, mais uma vez através da transformação de pontapés de penalidade - no conjunto das duas mãos o CDUL marcou oito - mas falhou uma, já na fase final do encontro, que poderia ter acabado com a questão.
E nestas coisas, quem não marca, sofre...
E o Belenenses marcou, mesmo depois de ter desperdiçado uma penalidade sobre os 22 em frente aos postes, quando, em vez de tentar a óbvia transformação, resolveu chutar para fora para ganhar terreno...
Foi um erro gravíssimo, que lhe poderia ter custado o apuramento, mas a obtenção de um ensaio mesmo nos minutos finais, no meio dos postes e a respectiva transformação, permitui-lhe virar o resultado, num jogo que terminaria na bola morta seguinte.
O CDUL pode-se lamentar por não ter conseguido aguentar mais um minuto, mas a vitória do Belenenses acaba por estar certa, já que, apesar do CDUL ser uma equipa mais madura, foi quem mais fez para conseguir ganhar.
No conjunto das duas mãos acabou por se apurar a melhor equipa.
Direito 20 - 10 Agronomia (Agregado 37 - 31)
Os advogados começaram a todo o gás, mas foi Agronomia que abriu o marcador, o que não quebrou o ímpeto da equipa da casa, que reagiu e marcou um ensaio pelos avançado, que lhe permitiu nivelar o resultado da eliminatória.
Toda a primeira parte pertenceu a Direito, que esteve melhor a atacar e acabou por conseguir um ensaio pelas suas linhas atrasadas, fixando o resultado da primeira parte em 14-3.
A segunda parte começou com o campeão nacional a tirar o melhor partido de duas faltas cometidas por Agronomia em zona proibida, e parecia que o vencedor estava encontrado com a vantagem do dia a pender para a equipa de Monsanto com 20-3 no registo.
Mas as coisas não foram assim tão simples, e Agronomia tudo fez para reverter a situação, lançando ataques sucessivos, a que Direito respondeu com grande rigor defensivo e demonstração da capacidade individual dos seus jogadores neste domínio.
Algumas decisões táticas erradas da equipa da Tapada acabaram por facilitar a vida dos advogados, que respiraram fundo de alívio com o apito final.
Direito acaba por ser um justo vencedor da eliminatória, embora os agrónomos tenham sido um adversário de grande valor.
CORDEIRO DO VALE - O RUGBY COMO SOBREMESA
Hoje Cordeiro do Vale foi alvo de uma mais que justa homenagem no intervalo do Direito-Agronomia, e eu não posso deixar de recordar aqueles dias distantes, em que me reunia com os meus amigos do bairro de Alvalade e íamos, juntos, assistir àquelas transmissões, que eram para nós a água fresca da fonte.
Sempre disposto a ajudar e colaborar, foi ainda pela sua mão que o Lisboa Sevens ganhou um espaço fixo na programação da RTP, e eu que estive ligado à organização do evento - fui presidente da sua comissão organizadora de 1987 a 1993 - lembro-me bem da forma simples e sem preconceito com que fui recebido por este companheiro.
Obrigado meu amigo!
Foi bonita a festa, pá, fiquei contente, pois senti finalmente algum cheirinho de alecrim!
PRIMEIRONA CONFIRMA FAVORITOS
Cascais 30 - 19 Montemor (Agregado 51-36)
O Cascais confirmou o favoritismo e derrotou o Montemor na Guia, apesar de terem sido os alentejanos a marcar primeiro, logo aos dois minutos de jogo, e a darem a impressão de poderem virar o resultado negativo que traziam de Montemor.
Mas cedo os cascalenses reagiram e em 15 minutos marcaram três ensaios e uma penalidade, pondo o resultado em 22-7.
Alguma indisciplina dos jogadores do Cascais resultou numa primeira expulsão, que os mouflons aproveitaram para reduzir para 22-14, resultado com que se atingiu o intervalo.
Os visitantes entraram de novo com muita força no início do segundo tempo e marcaram o seu terceiro ensaio, reduzindo para 22-19.
Uma segunda expulsão na equipa da casa levou a uma maior pressão do Montemor, mas que não se traduziu em pontos, sendo mesmo o Cascais - que defendeu muito bem - a conseguir um ensaio de belo efeito num maul dinâmico e a fechar a contagem com mais uma penalidade.
Um jogo com sete ensaios, a demonstrar que as equipas gostam e sabem atacar, onde acabou por prevalecer a maior experiência do Dramático, que se vai apresentar na final como favorito à conquista do título nacional.
Évora 24 - 10 CDUP (Agregado 30-35)
O Évora perde a eliminatória, mas acaba por demonstrar que a derrota expressiva no Porto na semana passada foi um acidente, e não fosse a expulsão a meio da primeira parte do seu médio de formação, poderia mesmo ter conseguido dar a volta ao resultado, coisa que parecia fora de cogitação.
Podem os eborenses queixar-se ainda de alguns erros infantis que cometeram, nomeadamente nos alinhamentos, e continuamos sem entender muito bem o que se passa com o CDUP: uns dias joga muito bem e demonstra grande maturidade, para logo no jogo seguinte se deixar dominar e não saber tirar partido de uma importante superioridade numérica.
Afinal qual vai ser o CDUP que vai disputar a final, já que acabando por merecer a qualificação nos deixa com a incerteza das suas exibições.
SEGUNDONA A FECHAR A CONTAGEM
Com dois jogos por realizar da última jornada e mais três em atraso, a Segundona prepara-se para fechar as portas do apuramento.
Na Lousada o Prazer de Jogar conseguiu a sua primeira vitória do ano (17-11*), ficando para o RUA a consolação de um ponto de bónus, enquanto no Grupo Centro o Caldas venceu os Javalis, que não conseguiram o seu merecido ensaio!, por avultados *96-0, e a Agrária recebeu e derrotou o Tomar por *51-0.
No Grupo Lisboa a FCT venceu o Oeiras por *43-17 e o Técnico bateu o Belas por 19-5, num jogo bem mais equilibrado do que se imaginava, enquanto no Algarve o São Miguel derrotou o líder Loulé por 20-13*.
Amanhã realiza-se o Famalicão-CRAV B e o Bairrada-Lousã B, para encerrar a jornada.
Fotos: António Simões dos Santos (GDD_ISA) e Teresa Salema (Cordeiro do Vale)
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