sábado, 4 de dezembro de 2010

DÚVIDAS NA DIVISÃO DE HONRA

A QUATRO JORNADAS DO FIM DO CAMPEONATO EXISTEM AINDA muitas dúvidas quanto a quem serão os quatro finalistas que vão lutar pelo título.

E a homologação do resultado do jogo Benfica-Agronomia, surge inesperadamente, sem que tenha havido qualquer inquérito aos acontecimentos que determinaram a suspensão do jogo referido, decorridos apenas 15 minutos da segunda parte, com a genérica justificação de que o jogo foi interrompido de acordo com a Lei 5-7 d) tendo em conta que não estavam reunidas as condições que garantissem a segurança dos jogadores é no mínimo, desconcertante.

Na verdade a suspensão de um jogo é um facto de extrema gravidade que apenas deve ser decidido pelo árbitro perante causas, que de tão graves, o justifiquem.

Desta forma seria de esperar que a esses factos de extrema gravidade, correspondesse uma grave punição dos causadores da situação.

Ora nada disso aconteceu, e apenas se encontra em fase de inquérito a acção de um jogador do Benfica, mas duvidamos sinceramente que por mais grave que essa acção fosse, justificasse por si só a suspensão do jogo em referência.

Apreciamos a rapidez com que a direção da FPR tomou a decisão de homologar aquele jogo, mas perante a absoluta falta de esclarecimento sobre uma tão grave situação – a suspensão de um jogo do Campeonato Nacional mais importante – fica a clara impressão que não se quer ver aquela situação esclarecida.

Porque das duas uma: ou os factos justificam a suspensão do jogo, e então terão obrigatoriamente de existir conseqüências para os seus causadores, ou os factos não justificam a suspensão do encontro, e terão obrigatoriamente de existir conseqüências para quem decidiu, irrefletidamente, suspender o jogo.

Em qualquer dos casos uma coisa é certa: como se pode homologar um jogo que acabou 35 minutos antes de expirado o tempo regulamentar, numa altura em que qualquer resultado é susceptível de sofrer alteração, sem que haja uma explicação clara e detalhada dos fundamentos dessa decisão?

As Leis do jogo conferem ao árbitro aquele poder, mas o bom senso exige que uma medida extrema como esta se sustente em algo mais que o poder discricionário do juiz da partida.

A quatro jornadas do fim do campeonato falta ainda definir se a Académica, num último sopro, vai conseguir alcançar a linha d’água e afundar algum dos habituais freqüentadores do play off final – desde 2003-04 apenas numa ocasião o Direito e o Belenenses, e por duas vezes o CDUL, não estiveram nesse grupo – naquela que seria a sua primeira participação, desde que conquistou o título nacional, precisamente em 2003-04.

Claro que para a Académica entrar nesse grupo, alguém terá que sair, e neste momento quem mais corre esse risco, é o Belenenses, mas os advogados têm um confronto direto com os estudantes candidatos...

O Benfica, com a homologação do resultado acima referida, perdeu praticamente qualquer hipótese de chegar ao grupo VIP, e Agronomia, beneficiada por aquela decisão, pode ter fugido definitivamente do risco de não disputar o play off pela primeira vez nos últimos oito anos.

Os jogos do fim de semana.

Académica-Direito

Estádio Sérgio Conceição,Coimbra, Sábado, 4-Dez, 15,00 h
Este é sem dúvida o jogo mais importante da jornada, e o único que pode relançar este final de campeonato. Para isso será necessário que a Académica vença, o que, sendo improvável, não é impossível.
As duas equipas beneficiaram até agora do mesmo número de pontos de bônus, mas o Direito tem duas vitórias a mais que o seu adversário, tem o melhor ataque e o segundo melhor saldo de pontos da competição.
A Académica tem um saldo de pontos ligeiramente positivo, tem a terceira pior defesa e divide em partes iguais as vitórias e as derrotas – cinco de cada.
Na primeira volta, em Monsanto, o Direito venceu por 46-22, mas a Académica esteve muito bem e a ganhar até meio da segunda parte, e no ano passado a visita dos advogados ao Mondego saldou-se por uma vitória dos lisboetas por 46-16.

CDUL-Benfica

Estádio Universitário de Lisboa, Sábado, 4-Dez, 15,00 h
O Benfica que teve a sua última comparência no play off final na época 2007-08, ainda não será desta vez que retoma a sua condição de “grande” do rugby português.
O CDUL, que foi durante muitos anos o maior do rugby nacional, mas que desde 2003-04 não conseguiu mais que os quatro últimos terceiros lugares, quer ultrapasar essa fase e aposta forte na conquista de um lugar na final absoluta.
Os universitários têm a melhor defesa e o melhor saldo de pontos, conseguiram oito vitórias e conquistaram nove pontos de bônus em 10 jornadas, enquanto os encarnados apresentam um saldo negativo de pontos de jogo, perderam mais dois jogos do que aqueles que ganharam, e têm o terceiro pior ataque.
No jogo da primeira volta o CDUL venceu por 35-10, muito longe dos 76-0 com que tinha vencido no jogo correspondente do ano passado.

Belenenses-Técnico

Estádio do Restelo, Lisboa, Sábado, 4-Dez, 15,00 h 
O Técnico tem a permanência praticamente assegurado na Divisão de Honra na sua terceira época seguida na categoria principal do rugby português, depois de ter ganho por duas vezes ao CRAV e uma ao Benfica, e esse era o grande objectivo dos engenheiros para a época em curso.
O Belenenses sofreu três derrotas nas quatro últimas jornadas, enquanto nas primeiras seis ganhou cinco jogos, acumulando seis pontos de bônus, e o jogo com o Técnico pode ser um momento de viragem para melhor, caso a equipa do Restelo pretenda ter alguma hipótese de brilhar no play off, ou mesmo de o ir disputar.
No jogo do ano passado o Belenenses venceu por 51-0, e na primeira volta deste ano aumentou essa vantagem para 77-3.

CRAV-Agronomia

Campo da Coutada, Arcos de Valdevez, Sábado, 4-Dez, 15,30 h
Condenada à descida, a equipa de Arcos de Valdevez vai juntar-se a Cascais, Técnico e Académica, num conjunto unido pelo sobe e desce entre as duas principais divisões nacionais, nos últimos oito anos
Mas os resultados pouco desnivelados com que se foi agüentando, são mais uma demonstração do equilíbrio existente entre as quatro últimas equipas da Divisão de Honra e as quatro primeiras da Primeirona, e da urgente necessidade de pôr todas estas equipas a jogar numa única divisão, para que desse equilíbrio e do constante desafio que esse equilíbrio representa, possam sair mais fortes e mais preparadas para o confronto com os melhores.
Agronomia segue na segunda posição com sete vitórias, tem cinco pontos de bônus e uma das melhores defesas da competição.
Na primeira volta os agrônomos venceram em Lisboa por 59-12, e devem cimentar a sua posição entre os quatro grandes garantindo a sua oitava participação no play off, em oito anos.

Foto: Miguel Carmo/Fotorugby.blogspot.com
N.B. Não é hábito do Mão de Mestre legendar ou comentar as fotografias que publica, mas não podemos deixar de fazer uma especial referência a esta foto de Miguel Carmo, que poderia, facilmente, estar em qualquer álbum de fotos selecionadas. Parabéns ao autor!

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